"... Entre o fio da calçada, o cordão
da rua e as pedras, eu caminhava ao teu lado, de mão agarrada, observando cada
gesto, cada movimento, para guardar em gavetinhas, ou no porta-retratos de minha memória. O sol tinha um
calor diferente e a luz que refletia no teu fino cabelo dourado, resplandecia
com um prisma cristalino, que formava um arco-íris, com um halo angelical. Entre a chuva e o vento caminhamos ... Atravessamos
avenidas, cruzamos linhas de trem ... E eu sempre entrelaçado em teus dedos,
tocando as pontas para sentir tua pele em temperatura mais suave, só para registrar, para nunca, jamais esquecer
teu toque. Quando te deixava entre uma esquina e outra, sentia-me como perdido,
sem saber o caminho de volta, porque faltava você no regresso. Só teu perfume restava, como água de colônia em minhas mãos. Até hoje respiro entre as mãos e a face na
esperança de sentir teu aroma, teu cheiro ... Mas nas palmas desgastadas de minhas mãos não tem mais seu perfume, só na imaginação. Não esqueço nenhuma caminhada, nenhuma janela, nenhuma casa, nenhuma esquina, que desenhei ao teu lado enquanto te admirava. Copiava-te em detalhes, pintava-te em óleo de cor pastel, da cabeça aos pés, como um pintor concentrado, como um navegador encantado, hipnotizado pelo canto da sereia... E que sereia...
Cabelos ao vento, olhar penetrante, sorriso em virada de tons de azul, que tonteia que embriaga,
ao mesmo tempo em que acalma, apaixona, que não deixa ... Eu jamais te esquecer ..."
A.Mace
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